Oi gravidinhas!
A notícia de uma gravidez é um dos momentos mais felizes e esperados por muitos casais. Projeta-se no bebê todas a idealizações, sonhos e desejos, mas também gera muita ansiedade para a futura mamãe, principalmente quando as coisas não evoluem como planejado durante o pré-natal.
Na gravidez com menos de 11 semanas, praticamente se avalia a idade da gestação e a presença de batimento do coração, mas ainda é cedo para se fazer qualquer diagnóstico, pois estamos diante de bebê ainda em formação. Até a pouco tempo se pensava que o exame da “nuquinha” ou Translucência Nucal, realizado por volta da 12ª semana de gestação, servia somente para rastrear se o bebê tinha um risco aumentado de ter a Síndrome de Down. Os novos estudos apontam que nesta fase deveria ser feito um exame bem mais completo, o morfológico de primeiro trimestre. Este exame contém vários sinais dos quais se podem identificar até 50% das malformações que um bebê pode ter durante a sua vida dentro do útero. O diagnóstico de algum a malformação no primeiro trimestre, oferece ao obstetra a oportunidade de mudar o rumo da história deste bebê.
Em Abril de 2019, estive em São Paulo participando do Simpósio Internacional da ISUOG (Sociedade Internacional de Ultrassom em Ginecologia e Obstetrícia) e um dos temas mais importante ao meu ver foi exatamente este: precisamos mudar o conceito de que ver o osso nasal e medir a “nuquinha” é o suficiente. E não é! O exame realizado por ultrassonografistas capacitados em aparelhos modernos de ultrassom, não se limita somente em medir o comprimento fetal, TN e osso nasal, e sim, em avaliar a morfologia cerebral, cardíaca, os membros superiores e inferiores, órgãos abdominais e vasos sanguíneos (estudo Doppler) da mãe e do bebê. Esta avaliação completa revela se já existe alguma alteração no feto ou se há algum risco aumentado de o feto apresentar, além da síndrome de Down, outras síndromes mais raras, malformações cardíacas e doenças genéticas.
Como exemplo, gostaria de citar a Espinha Bífida Aberta (mielomeningocele), uma malformação da coluna vertebral. As sequelas dessa doença são extremamente graves e afetam não só a vida da criança como de seus familiares. Dependendo do grau da doença, a criança pode nunca conseguir andar, falar ou ir ao banheiro. Estudos atuais indicam que a cirurgia realizada a tempo, ainda dentro do útero, pode reduzir essas sequelas, permitindo que algumas crianças possam ter vidas relativamente normais. Para que haja tempo hábil, é necessário um diagnóstico precoce através desse exame avançado de ultrassom.
Mais uma vez eu afirmo: a medida da “nuquinha” não é o suficiente! Precisamos mudar este conceito. Não deixe de questionar o seu obstetra sobre a importância do ultrassom morfológico de primeiro trimestre.
Principais marcadores do exame morfológico nesta fase.
Osso nasal
Foi Langdon Down (1866) quem primeiro descreveu a associação entre osso nasal ausente ou hipoplásico (pequenininho) e a Síndrome de Down. Ele viu que alguns fetos entre 11 e 13 semanas e 6 dias apresentavam um atraso na calcificação ou hipoplasia do osso nasal. Isso pode ocorrer em até 3% dos bebês normais e em até 70% dos bebês com alguma síndrome. O osso nasal deve ser visibilizado na época da Translucência Nucal e medido no exame Morfológico de Segundo Trimestre.
Ducto Venoso
O ducto venoso é uma pequena comunicação entre a veia umbilical e a veia cava inferior do bebê, e reflete o que está acontecendo com o coração. Ele também avalia o risco de anomalias como a TN. Em sua avaliação durante o exame de ultrassom, obtêm-se ondas de fluxo neste pequeno vasinho. Sua alteração pode indiciar algum defeito cardíaco ou síndromes genéticas no feto. Da mesma forma, isso pode ocorrer em até 3% dos bebês normais e em até 70% dos bebês com alguma síndrome. Quando associada à TN, pode diagnosticar 90-95% dos fetos alterados com um falso-positivo de 3%.
Regurgitação da válvula tricúspide
A válvula tricúspide está presente no lado direito do coração fetal, entre o átrio e o ventrículo. Num coração normal espera-se que não haja regurgitação do sangue, ou seja, o retorno do sangue no sentido oposto ao fluxo. Se um feto apresenta a TN aumentada, deve-se ver a função cardíaca através desse exame. Um exame que apresenta regurgitação do sangue associado a uma TN alterada, aumenta ainda mais as chances de um feto ter uma síndrome genética.
Translucência Intracraniana
Um pequeno espaço da parte mais posterior do cérebro, chamada “quarto ventrículo”. Ele está situado entre a borda posterior do tronco cerebral e a borda anterior do plexo coróide. Se alterada, pode prever com muita antecedência se o feto terá espinha bífida, um defeito do fechamento da coluna vertebral.
Dentre os exames de imagem, o morfológico de primeiro trimestre é o mais completo que existe nos dias de hoje para rastreamento de anomalias cromossômicas e defeitos do coração e coluna vertebral. O seu obstetra, se preferir, também pode pedir que se faça a Translucência Nucal com Doppler, que inclui o estudo do Ducto Venoso e das artérias uterinas maternas.
Fonte das fotos: Fetal Medicine Foundation e Scielo.
Olá, fiz a 1ª morfológica com 13semanas e 2ª morfológica com 22 semanas. Na 1ª o dr disse que estava tudo bem. a TN deu 1.70 e o osso nasal estava normal. Porém na 2ª ele disse o osso nasal estava apenas com 4mm, sendo que o normal é no mínimo 5mm. Me desesperei quando disse que isso era característica de alguma síndrome. alguém me ajude por favor.
Ola, Mara!
Esta acontecendo isso comigo, mas um pouco pior, pois segundo o medico não foi visualizado o osso nasal na morfológica de 2º trimestre…. O seu bebe nasceu sem nenhuma síndrome?