Oi meninas!
Deve ter muita gente ainda pulando carnaval uma hora dessas ou de ressaca… kkk
Fiquei pensando aqui como as coisas mudaram desde que “ter carnaval” ainda fazia sentido pra mim. Antigamente, lá pros meus 18 ou 20 anos, carnaval significava ir pra casa de praia da família e reencontrar meus amigos à noite na praia.
A gente chamava de Luau. O que pode vir à sua mente é uma turma sentada na praia ao por do sol, tomando alguma coisinha de leve e alguém com um violão na mão, certo?
É, isso acontecia…. algumas poucas vezes! kkkk
O Luau começava as 22h e era um aglomerado de gente de todas as partes do Brasil, segurando alguma batida de fruta na mão, dançando e pulando a noite toda com shows de axé e, claro, namorando muito! Mas o nome de Luau ficou! E não tinha nem lua nem violão nem paz… O negócio era o barulho mesmo que era importante (vai entender!!!). Conversar, pra que? Adolescente não gosta de conversar sobre as coisas da vida, pois nem tem experiência pra isso… então, bora namorar!
Os anos passaram e continuamos a ir pra essa praia durante o carnaval, mas já não era a mesma coisa. As pessoas não eram interessantes, o axé deu lugar ao funk e não tinham mais shows ao ar livre. Comecei a me sentir fora do meu habitat… eu é que estava muito chata e exigente? Por que aquilo não me satisfazia mais? Às vezes até tinha uma paquerinha, mas… eu não queria mais estar ali. Não fazia sentido algum.
Como vim morar em Belo Horizonte para estudar, passei a curtir o carnaval nas cidades próximas, como Ouro Preto, ou ir pra rua mesmo, lá na Savassi. Duzentas mil pessoas bebendo, encostando em você e quando chegava a falar algo, era mais um vômito (desculpe o termo) do que qualquer outra coisa. Melhor ficar calado então e beijar na boca.
Envelheci cedo…
Eu devia ter uns 23 anos quando simplesmente desisti dessa festança toda e foi justamente quando entrei na faculdade de medicina. Talvez eu tenha envelhecido cedo, nesse ponto, pois a maioria das minhas amigas continuava a ir nessas festas e a gostar delas. Eu não… quanto mais tempo passava, mais eu queria ir pra casa do meu pai no interior, pra um sítio com a turma da faculdade ou simplesmente, ficar em casa mesmo, recuperando o sono perdido.
Eu corria de barulho e das baladas com veemência. Aquilo deturpava o valor que eu dava às pessoas e às conversas. E ver aquele tanto de gente beijando uma, duas, trocentas pessoas era pavoroso. Como disse Mário Sérgio Cortella, “Excesso de oferta muitas vezes é incapacidade de escolha”. Eu não queria uma boca pra beijar, queria uma pessoa inteira, entende? E como eu corria dessas festas, não só no carnaval, eu acabava ficando longe dos amigos, me achando estranha por não fazer parte de nenhuma turma.
Meu tipo de carnaval…
Comecei a gostar de ir a festas mais elaboradas onde tinham pessoas mais elaboradas, falando de um jeito mais direto. Queria era conversar sobre a alma humana, sobre cultura e crescimento pessoal. Me sentia plena ao encher os olhos d’água durante um concerto da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais ou me maravilhar num museu de artes. Praticamente ninguém que eu conhecia gostava disso, então eu ia sozinha mesmo. Até que um dia cansei de não ter ninguém pra compartilhar comigo essas coisas.
Aos 27 anos conheci alguém com quem eu podia conversar sobre tudo sem o papo acabar… Me casei com ele 5 anos depois. Fui sim em algumas festas e boates com ele, mas ficava na minha. Uma vez, no início do nosso namoro, tentamos ir no carnaval na praia que eu ia na adolescência e foi um real desastre. Nada era como antes, e como não gostávamos de funk, voltamos pra casa, se não me engano. Desde esse dia, nunca mais voltamos a essa praia…
Depois dos filhos
Depois que meus filhos nasceram, o carnaval passou a significar momento de ficar em casa ou ir pra casa dos nossos pais. Nada mais de bebedeiras até o sol nascer ou barulho de músicas mal feitas. Fazemos a nossa “festinha” com os nossos filhos, uma boa piscina e muita risada. Não preciso de mais nada. Tenho perto de mim aquilo ao qual dou realmente valor. Quando olho pra trás, não me arrependo não! As festas e “luaus” fizeram parte da minha história e foi bom enquanto teve sentido pra mim.
E se vamos à praia hoje, é num período beeeem longe do carnaval e das festas de fim de ano e se resume em crianças correndo e chorando, brinquedos pra fazer castelinhos de areia, água de côco, fraldas (pro meu caçula), voltar antes do almoço pra casa/hotel, tomar sorvete olhando pro mar e alguns jantares eventuais.
Troquei a cidade grande por uma do interior e prefiro mil vezes uma sessão de cinema ou jantar com meu marido. Muita gente me critica pelo meu modo de ser, mas fazer o que se foi assim que me encontrei como pessoa, né? Curto muito a vida ao meu modo, obrigada!
Esse hoje é o meu carnaval e a minha folia são meus filhos e não troco isso por nada!!!